Clementina de Jesus da Silva, também conhecida como Tina ou Quelé, foi uma cantora brasileira. Deixou um grande legado no resgate dos cantos negros tradicionais e na popularização do samba, além de ser vista como um importante elo entre a cultura do Brasil e da África.
Nascida na comunidade do Carambita, bairro da periferia de Valença e tradicional reduto de jongueiros no sul do Rio de Janeiro, Clementina era filha da parteira Amélia de Jesus dos Santos e do capoeira e violeiro Paulo Batista dos Santos. Mudou-se com a família para a capital aos oito anos de idade, radicando-se no bairro de Oswaldo Cruz, tendo estudado em regime semi-interno o Orfanato Santo Antônio, onde desenvolveu crença católica. Criança, aprendeu com sua mãe rezas em jejê nagô e cantos em dialeto provavelmente iorubá. Destas influências resultam um misticismo sincrético e uma musicalidade marcada pelo samba e cantos tradicionais de escravizados do meio rural. Devota da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, participava de festas das igrejas da Penha e de São Jorge, cantando canções de romaria. Clementina nasceu em 1901 e faleceu em 1987.
Seus últimos anos de vida foram difíceis. O mundo musical a deixou de lado e ela foi praticamente esquecida. Sua saúde piorava, teve vários derrames, caiu na pobreza e passou a cantar em churrascarias, mas já começava a esquecer as músicas durante as apresentações. Faleceu em função de um último derrame em 19 de julho de 1987. Seu enterro no Cemitério São João Batista teve poucos acompanhantes.
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No dia seguinte, Paulinho da Viola declarou ao Jornal do Brasil: “Com a morte de Clementina, perdemos uma grande figura humana, uma artista que representa o povo negro, ligada à história do nosso país. O canto dela era uma coisa popular e ela tinha uma comunicação rápida com qualquer plateia do Brasil e do mundo. Tudo o que ela nos transmitia foi resultado de uma aprendizagem oral de muitos anos e acho que ela poderia ter sido mais reconhecida do que foi“.